Friday, January 20, 2006

Bom até que ponto?

Vendo a Record tomar um espaço cada vez maior na TV e ameaçando a hegemonia da Globo ao encostar no ibope de "Bang Bang" e do "Jornal Nacional" com a novela "Prova de Amor", fica a dúvida: até que ponto isso é bom?
A hegemonia de uma emissora de TV em cima da transmissão aberta em um país nunca é boa. Os telespectadores ficam condicionados a assistir ao canal e assim cria-se uma rotina que impede a originalidade e a ousadia na criação de programas.
O problema é essa hegemonia ser quebrada da maneira como está sendo. Primeiro porque a Rede Record não faz distinção entre igreja e entretenimento. "Permitir" que uma emissora que prega uma religião em seus intervalos e programas fique tão popular, pode significar o crescimento da Igreja Universal em uma época em que precisamos cada vez mais que as religiões parem de influenciar em outros setores da sociedade.
Mas a questão não é nem essa. A Record ganha força fazendo exatamente o que a Globo faz, tirando profissionais da emissora e portanto importando o "padrão globo de qualidade". De que adianta dividir os telespectadores com uma novela com trama batida e atores bonitos e conhecidos? Ou reformular o jornalismo contratando profissionais da Globo e demitindo o âncora opinativo que imprimia um pouco de ousadia e opinião, coisa rara nos telejornais?
Portanto, não adianta quebrar a hegemonia de uma emissora de tv se for repetir o mesmo estilo e padrão da emissora líder e ainda por cima enfiando religião no meio. A TV brasileira carece de ousadia, programas mais educativos e ao mesmo tempo divertidos, que acrescentem algum tipo de conteúdo útil às cabeças das pessoas.
Enquanto a audiência se dividir entre produtos iguais, não faz diferença uma o ibope ser monopolizado por uma ou por várias emissoras.

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