Thursday, March 30, 2006

Bella Persona

Quem conhece a VJ Marina Person das telas da MTV, talvez não saiba que ela é uma cineasta. Além do curta-metragem “Almoço Executivo”, Marina dirigiu o documentário “Person”, exibido em grande estilo no cinema Odeon BR, na Cinelândia, Rio de Janeiro. Foi a estréia nacional da versão para cinema do documentário, dentro da mostra “É Tudo Verdade”. A TV Cultura, parceira do projeto, já havia exibido uma versão diferente, compacta.
Trata-se de um filme sobre Luis Sérgio Person, pai de Marina e cineasta consagrado no Brasil. L.S. Person dirigiu, entre outros, os elogiados “São Paulo S/A” e “O Caso dos Irmãos Naves”.
O título da produção traduz um pouco o que pode ser encontrado nela. Marina não trata apenas do cineasta Person, mas sim do pai visto pelos olhos e lembranças de suas filhas (Marina é irmã da apresentadora Domingas Person) e de sua viúva. Alternam-se momentos em que as três mulheres conversam sobre o homem, o pai e o marido que ele foi, e depoimentos de artistas e diretores que trabalharam e admiram Luis Sérgio.
Marina faz uma busca pelas origens e a carreira de Person, isentando-se da condição de filha, mas fazendo-se presente, já que seria impossível um distanciamento de um personagem tão presente em sua vida.
O documentário levou anos para ser concluído, passou por várias fases da vida da diretora, o que reforça a admiração que um profissional com uma vida tão curta deixou por onde passou. A entrevista concedida para Joana Fomm na TV Cultura é um dos pontos altos do filme, o momento onde captamos exatamente quem e como ele era.
As personalidades que passam pela tela – Ney Latorraca, Jorge Ben Jor, Eva Wilma, entre outros – também não se apresentam como apelação para ganhar credibilidade. Estão lá como fãs, amigos e colegas de trabalho. E fica claro que cada um conhecia um pedaço diferente da figura central, o que foi brilhantemente construído por Marina, em uma narrativa inteligente e despreocupada.
Um belo presente de filha para pai, de aprendiz para mestre, de cineasta para cineasta.

Informação: o documentário está previsto para ser lançado nos cinemas em 2006, quando L.S. Person completaria 70 anos

Sunday, March 12, 2006

Saia... chata!

Quando estreou no GNT, o “Saia Justa” foi motivo de notas entusiasmadas, elogios e repercussão. Como dizia um comercial do programa, não adianta apenas colocar quatro mulheres quaisquer juntas para que o debate seja interessante.
Apesar de não ter acompanhado o programa em sua primeira versão, pude constatar que se tratava de uma atração singular. A jornalista Mônica Waldvogel foi a grande revelação, mostrando uma personalidade forte e inteligente que os telejornais globais e mesmo o talk show “Dois a Um” escondiam. A atriz Marisa Orth, a cantora Rita Lee (que mais tarde viria a deixar a atração para ter seu próprio programa e fiou substituída por Marina Lima) e a escritora Fernanda Young ajudavam a compor o quarteto e dispensam apresentação.
Na mudança de temporada, a direção achou que estava na hora de mudanças bruscas para não perder o fôlego. Foi aí que a atriz Betty Lago e a filósofa Márcia Tiburi foram chamadas. E Luana Piovani, que procurava um emprego depois de deixar a Globo e fracassar na MTV, foi bater à porta do canal e acabou caindo de pára-quedas no sofá que as apresentadoras dividem.
O que se vê agora é um programa tão linear que cansa. Os temas são interessantes, a direção não erra na mão e o formato continua atual. O problema é que debates só tornam-se bons para quem está fora dele se os debatedores fizerem por onde. E aí está o problema da temporada 2005.
Mesmo depois de um ano, Márcia, Luana e Betty não conseguem criar uma química que justifique a escolha do telespectador. Elas são sempre iguais, com os mesmos clichês que o programa deveria combater. Betty ainda garante bons momentos e vez ou outra se mostra espontânea. Márcia é chata, sem nada a acrescentar, apenas a contestar com uma apatia impressionante. Luana não sabe de nada, não assiste nada, não conhece nada e tudo o que faz é contar causos de amigos playboys, amigas fúteis e divulgar sua peça, seu corte de cabelo, seus conhecidos...
Mônica Waldvogel acaba brilhando mais do que todas, parecendo ser uma entidade superior àquelas que a cercam. Ela está sempre afiada, com conhecimento amplo do que fala e não titubeia diante de nenhum assunto. Conduz tudo muito bem e segura a onda pelas quatro. Mônica ainda faz valer a pena assistir, mas é crescente o interesse pelo próximo absurdo de Luana ou a próxima reclamação de Márcia.
A edição especial do Dia Internacional da Mulher, ao vivo e com platéia, não mudou muito do habitual e a agilidade não foi recuperada. É preciso selecionar pelo menos duas novas companheiras que consigam dividir o brilhantismo de Mônica.

Desejo atendido?

Em recente entrevista, a jornalista Mônica Waldvogel contou que o contrato com o canal foi renovado. Mesmo apresentando o "Jornal das Dez" na Globo News, Mônica continuará à frente do "Saia Justa", mas disse que não sabe se as companheiras continuarão em Abril.
Fontes ligadas ao GNT garantem que é unanimidade no canal que Luana Piovani não se encaixa e que ela está fora da nova programação. Coincidência ou não, a atriz já apresentou um projeto de programa para a Rede Globo.

Convite

Convido os leitores do blog a opinar sobre mulheres que poderiam dividir o sofá. Eu convidaria a apresentadora Tatiana Mancini, ex-MTV, a atriz Patrycia Travassos e a autora e atriz Maitê Proença.
Façam suas apostas e dêem suas sugestões!

Wednesday, March 08, 2006

Surpreendente, pero no mucho

Pelo segundo ano consecutivo, o Oscar contrariou as expectativas gerais e o prêmio de Melhor Filme não foi para aquele que era considerado o “favorito”, muitas vezes baseado não só na repercussão da produção, mas no resultado de outras premiações, como o Globo de Ouro.
É verdade que o resto da cerimônia desse ano foi regado a muita previsibilidade, mas isso aumentou ainda mais a surpresa do final estarrecedor. Em 2005, “O Aviador” tinha tudo para ser um arrasa-quarteirão no Oscar e dar finalmente o prêmio a Martin Scorsese, mas o azarão “Menina de Ouro”, de Clint Eastwood, acabou levando a melhor.
Em 2006, o espanto foi ainda maior. Todos os jornais, cinéfilos e até os pouco entendidos davam como certa a vitória de “Brokeback Mountain”, o drama sobre o romance de dois caubóis. O diretor do filme, Ang Lee, arrebatou o prêmio de “Melhor Direção”, o que aumentou a certeza de que a estatueta mais importante da noite seguiria nessa direção. O que aconteceu na “hora H”, foi Jack Nickolson anunciando alto e bom som: “...and the Oscar goes to: CRASH!”.
Foi realmente um crash para os espectadores. Nem a equipe do filme disfarçava o susto da vitória. Foi importante um prêmio para um enredo de racismo e preconceito étnico, mas ele acabou “roubando” a vez da consagração do amor homossexual visto com delicadeza e aceitação. Existem diversas teorias sobre o resultado, desde um favorecimento a um diretor que é praticante de uma nova religião cheia de adeptos em Hollywood, até a uma identificação dos votantes pela história se passar em Los Angeles.
Mas provavelmente a verdade é mais óbvia: a conversadora Academia não está pronta para glorificar um relacionamento entre dois representantes do maior símbolo da macheza hollywoodiana, tão famoso num filmes de faroeste. Preferiram reconhecer que “Brokeback Mountain” tinha a melhor trilha sonora, o melhor roteiro adaptado (quase original, pois foi criado a partir de um conto de 12 páginas), o melhor diretor... mas não é o melhor filme.
O resto da cerimônia seguiu bem. O novo apresentador Jon Stewart fez bonito e imprimiu sinceridade em piadas irônicas sobre o próprio evento e seus indicados. Os outros “favoritos” venceram como era esperado e o Oscar durou menos que o previsto, com as chatices habituais, mas abrindo mais espaço para a descontração e a agilidade.
Só nos resta esperar pelo próximo ano e tentar adivinhar se os membros votantes da Academia vão continuar surpreendendo o mundo. Uma coisa, porém, é certa: o suspense no final vai ser inevitável.

Em tempo: o que faz a única emissora aberta que possui os direitos de transmissão da festa, a Rede Globo, cortar as primeiras – e importantes – premiações para dar espaço ao Big Brother Brasil? Se é para ser assim, que não comprasse...