Tuesday, April 25, 2006

E a pipoca de ouro vai para...

Longe do marasmo e da (quase) previsibilidade do Oscar, a premiação de cinema da MTV Americana, o MTV Movie Awards, traz categorias divertidas e indicados que estão longe de serem os melhores, mas normalmente são os mais carismáticos. Ou pelo menos aqueles que conseguem conquistar o gosto de um público difícil de ser agradado, o público jovem.
Na última terça-feira, foram anunciados os indicados à edição 2006 do prêmio. Esse ano, os prêmios de “Melhor Ator” e “Melhor Atriz” viraram apenas “Melhor Performance”, com seis indicados. Além disso, as categorias de “Melhor Seqüência de Dança” e “Melhor Seqüência de Acão” deixaram de existir e o Movie Awards ganhou a categoria “Melhor Atuação Assustada”.
Confira os indicados, que serão escolhidos pelo público do mundo todo através do http://www.mtv.com/ :

Melhor Filme

O Virgem de 40 Anos
King Kong
Sin City
Os Penetras Bons de Bico

Melhor Performance

Joaquin Phoenix – “Johnny e June”
Jake Gyllenhaal – “O Segredo de Brokeback Mountain”
Rachel McAdams – “Vôo Noturno”
Steve Carell – “O Virgem de 40 Anos”
Terence Howard – “Ritmo de um Sonho”
Reese Witherspoon – “Johnny e June”

Melhor Performance em Comédia

Owen Wilson – “Os Penetras Bons de Bico”
Adam Sandler – “Golpe Baixo”
Steve Carell – “O Virgem de 40 Anos
Tyler Perry – “Madea's Family Reunion”
Vince Vaughn – “Os Penetras Bons de Bico”

Melhor Equipe

Steve Carell, Paul Rudd, Seth Rogen e Romany Malco – “O Virgem de 40Anos”´
Johnny Knoxville, Seann William Scott e Jessica Simpson – “Os Gatões”
Jessica Alba, Ioan Gruffudd, Chris Evans e Michael Chiklis – “O Quarteto Fantástico”
Daniel Radcliffe, Emma Watson e Rupert Grint – “Harry Potter e o Cálice de Fogo”
Vince Vaughn e Owen Wilson – “Os Penetras Bons de Bico”

Melhor Vilão

Cillian Murphy – “Batman Begins”
Hayden Christensen – “Guerra nas Estrelas: Episódio III – A Vingança dos Sith”
Ralph Fiennes – “Harry Potter e o Cálice de Fogo”
Tilda Swinton – “As Crônicas de Nárnia: o Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa”
Tobin Bell – “Jogos Mortais 2”

Revelação

Andre 3000 – “Quatro Irmãos”
Islã Fisher – “Os Penetras Bons de Bico”
Nelly – “Golpe Baixo”
Jennifer Carpenter – “O Exorcismo de Emily Rose”
Romany Malco – “O Virgem de 40 Anos”
Taraji P. Henson – “Ritmo de um Sonho”

Melhor Herói

Christian Bale – “Batman Begins”
Jessica Alba – “O Quarteto Fantástico”
Daniel Radcliffe – “Harry Potter e o Cálice de Fogo”
Kate Beckinsale – “Underworld 2: Evolução”
Ewan McGregor – “Guerra nas Estrelas: Episódio III – A Vingança dos Sith”

Performance Mais Sexy

Beyoncé Knowles – “A Pantera Cor-de-Rosa”
Jessica Alba – “Sin City”
Jessica Simpson – “Os Gatões”
Ziyi Zhang – “Memórias de uma Gueixa”
Rob Schneider – “Gigolô Europeu por Acidente”

Melhor Luta

Kong X Aviões – “King Kong”
Stephen Chow X Axe Gang – “Kung-Fusão”
Angelina Jolie X Brad Pitt – “Sr. e Sra. Smith”
Ewan McGregor X Hayden Christensen – “Guerra nas Estrelas: Episódio III – A Vingança dos Sith”

Melhor Beijo

Jake Gyllenhaal e Heath Ledger – “O Segredo de Brokeback Mountain”
Taraji P. Henson e Terence Howard – “Ritmo de um Sonho”
Anna Faris e Chris Marquette – “Apenas Amigos”
Angelina Jolie X Brad Pitt – “Sr. e Sra. Smith”
Rosario Dawson e Clive Owen – “Sin City”

Melhor Atuação Assustada

Rachel Nichols – “Horror em Amityville”
Jennifer Carpenter – “O Exorcismo de Emily Rose”
Derek Richardson – “O Albergue”
Paris Hilton – “Casa de Cera”
Dakota Fanning – “Guerra dos Mundos”

Sunday, April 23, 2006

Com saudades dos amigos

No final de 1994, uma idéia aparentemente banal ganhou o horário nobre da NBC, uma das principais emissoras de TV americana: o seriado “Friends” mostrava a vida de seis amigos de 20 e poucos anos que viviam em Nova York. O que poderia ser mais um seriado mediano de humor transformou-se em um fenômeno de audiência e referência de séries de humor no mundo todo.
Portanto, foi muito sensato dos produtores decidir acabar a série quase no auge, depois de dez anos de sucesso e dos atores chegarem a cachês milionários ( em 2004, cada um ganhava um milhão de dólares por episódio ). Afinal, insistir em mais temporadas poderia levar “Friends” a um fracasso que obrigasse o seu fim e possivelmente acabasse com toda a repercussão em torno do programa.
A fórmula do sucesso parece simples. Roteiristas afiados, um elenco primoroso e muito bem escalado, participações especiais bem escolhidas e situações próximas do real, mas expondo o que a vida tem de mais engraçado. “Friends” não envelhece, é uma série para ver e rever em qualquer época.
Mas em busca de mais sucesso e de continuidade das cifras milionárias que o seriado movimentou, os executivos da NBC tentaram segurar aquele público fiel de alguma forma. Foi aí que os produtores sugeriram um spin off ( nome dado a um seriado que deriva de outro ) com o personagem Joey Tribbiani, interpretado pelo ótimo Matt Le Blanc. A idéia já deu certo outras vezes, mas ninguém pareceu entender o principal motivo do sucesso da série original.
Ao longo de dez anos, o público se envolveu com a história de seis amigos. Quem protagonizava “Friends” não era nenhum dos seis, mas sim a amizade que existia entre eles. E por isso, separar qualquer um dos personagens não poderia dar certo. Quebraria o que tanto encantou telespectadores. Perto do final, os personagens estavam mais caricatos, já que a característica mais marcante de cada um era exaltada ao máximo, para garantir que o público continuasse rindo e acompanhando.
Sendo transportado para outro programa, Joey perdeu boa parte das características que o marcaram e ficou perdido entre uma história já construída em outra produção e novas características que precisam ser controladas. Os coadjuvantes, apesar de bons atores, acabaram ficando extremamente caricatos, para compensar a apatia do personagem principal.
As piadas ficam repetitivas e ninguém consegue brilhar, nem mesmo o talentoso protagonista ou a engraçadíssima Jennifer Coolidge, que interpreta a empresária maníaca de Joey. No último episódio exibido, o público conheceu o pai de Joey. Para quem acompanhava “Friends”, era de se esperar um italiano burro, guloso e engraçado, que fosse uma versão mais velha de Joey. Mas eis que surgiu um americano gordo, rabugento e sem graça. Quando Joey fala alguma besteira, fica um vazio, a audiência acostumada a série antiga espera o comentário irônico de Chandler ( Matthew Perry ) a cumplicidade de Phoebe ( Lisa Kudrow ).
Tentando se distanciar da série que o originou, Joey perde suas características e seu público. A audiência vem despencando nos Estados Unidos e assim ele perde os fãs de “Friends” que o acompanharam e não conquista uma audiência própria. A opção é comprar os DVDs da série original e rever os episódios antológicos de um dos melhores enlatados americanos já produzidos.

Friday, April 14, 2006

DROPS: 14/04/2006

Nova seção do TeleCinese, o Drops trará eventualmente notícias rápidas sobre televisão e cinema.

MUDANDO O TOM

Diferentemente de quando deixou a Globo, o humorista Tom Cavalcante tem usado tons mais que amigáveis para referir-se à antiga emissora. Ele fez elogios rasgados a toda a equipe do “Sai de Baixo” e garantiu que sua paródia de Ana Maria Braga vai se chamar Ana Maria Bela e não Ana Maria Brega.


VEM AÍ

Apresentadora do GNT, Chris Nicklas não gostou do projeto que a diretora do canal lhe ofereceu. Vão voltar a conversar para definir o novo programa de Chris. Enquanto isso, ela faz novamente a cobertura do Fashion Rio.



ASSINO EMBAIXO

Um grupo de telespectadores da MTV e fãs da VJ Marina Person se mobilizou para enviar e-mails à produção do programa “Cine MTV”, pedindo que a VJ volte a comandar a atração. Em 2006, a MTV resolveu trocar Marina pelo recém-contratado Felipe Solari. Uma das alegações dos fãs é de que Marina é a única apresentadora do canal formada em cinema.

A VOLTA DOS QUE NÃO FORAM

O produtor Frank Marshall garantiu que “Jurassic Park 4” sairá do papel. Segundo ele, o filme já tem um bom roteiro e Steven Spielberg pretende filmá-lo depois de “Indiana Jones 4”, que deve estrear nos cinemas no ano que vem.



POLÊMICA À VISTA

“X-Men 3” está cercado de mistérios, mas boatos garantem que o personagem Colossus (Daniel Cudmore) será bissexual. Ele ficaria dividido entre Vampira (Anna Paquin) e Wolverine (Hugh Jackman).



NA TELONA

O ator Kiefer Sutherland, protagonista da série “24 Horas”, agora é também produtor executivo do programa. Ele confirma que o seriado deverá virar filme, mas apenas em 2007. O contrato de Kiefer foi renovado por 3 anos. "24 Horas" é exibido no Brasil pela FOX.

As Nada Pedidas

Finalmente, a MTV Brasil parece ter percebido que estava perdendo a característica principal. Na nova programação, a música está presente na maioria dos programas e os clipes voltaram a ser exibidos na íntegra.
Mas se tem um programa que nunca perdeu a característica nem nunca deixou de ter os clipes completos, esse programa é o Disk MTV. Durante muito tempo o carro-chefe da emissora, o programa apresenta os dez vídeos mais votados pelo público do canal.
O formato é obrigatório em qualquer canal musical. O programa costumava ser o de maior audiência na MTV nacional, mas com o passar do tempo, provavelmente pela falta de inovação, foi se perdendo um pouco no meio da grade.
Quando a ex-VJ Sarah estreou no programa, em 2000, a direção conseguiu inovar. Aumentou a duração para uma hora e meia e incluiu novos quadros, como um que mostrada os mais votados em uma cidade ou região específica. Foi uma excelente forma de quebrar a rotina da parada de sucessos e tornar o Disk mais atrativo.
Mas a inovação não durou muito e o formato original voltou ao ar. A atração é tradicionalmente apresentado por moças certinhas, um pouco caretas, mas um tanto animadas ( Cuca Lazarotto, Sabrina Parlatore, Sarah Oliveira e Carla Lamarca ). A exceção foi a primeira titular, Astrid Fontenelle. Ela tornou o programa um sucesso, ao esbanjar descontração na forma de apresentar.
Vemos então em Astrid uma provável tentativa da MTV de retomar o que o Disk MTV era. Na programação atual, ficou bem óbvio que a inspiração vem dos primórdios da emissora, tentando se reaproximar do público com formatos que ela própria consagrou. Mas aí é onde está seu erro.
As gêmeas Keila e Kênia tentam quebrar os padrões trocando implicâncias, farpas, gritinhos e comentários um tanto dispensáveis. O fato de uma dupla apresentar o programa deveria dar mais dinâmica, mas tudo ali parece ensaiado e monótono. Fica evidente o esforço para se produzir um programa informal e descontraído, mas o resultado é um constrangimento de quem assiste.
A MTV está acertando na mão com a volta as origens, mas o programa que traduz o que é a Music Television merecia um investimento à altura.

Thursday, April 13, 2006

E sem precisar de prêmio...

Edifício Master (Brasil, 2002)
Dirigido por Eduardo Coutinho

Se no “Big Brother Brasil”, nem o prêmio de um milhão de reais e nem a projeção nacional conseguem deixar os participantes interessantes ou fazer com que a produção selecione um elenco com algum conteúdo, no documentário “Edifício Master”, dirigido por Eduardo Coutinho e lançado em 2002, os personagens nos levam a uma viagem por um prédio que abriga uma incrível diversidade e histórias impagáveis.
O lugar existe em Copacabana. Antigo reduto de travestis e prostituição, o edifício Master, hoje, é um prédio mais familiar, mas que por ser muito grande, pode ter qualquer tipo de morador. Em busca dos melhores personagens, Coutinho e sua equipe entrevistaram os moradores que estivessem dispostos a aparecer na produção.
O resultado é uma boa seleção, com pessoas interessantes de se ver e ouvir. Cada um com sua particularidade, muitas vezes nos surpreendendo com tamanha sinceridade com que contam suas vidas diante da câmera. O mais importante é que o filme nos apresenta esses personagens sem julgar ou sem discutir. Fica claro que o protagonista do documentário é o prédio onde todas essas figuras convivem.
Eduardo Coutinho não apresenta nenhum estudo sobre o edifício Master. Não tenta achar ou definir nada. O interessante está exatamente aí, na sinfonia desafinada composta pela mistura de depoimentos tão diversos. Na montagem proposta pelo diretor, porém, os depoimentos menos interessantes foram deixados para o final, o que faz com que o filme perca um pouco do ritmo a medida em que vai acabando. Isso não compromete o resultado final, ainda mais porque no DVD é possível assistir aos depoimentos de forma aleatória, mas a montagem oficial deveria ter tido o cuidado de intercalar os destaques.
Falta também ao filme personagens mais polêmicos, o que pode ter sido opção do diretor. Para que não parecesse uma tentativa forçada de criar repercussão, personagens que criassem esse efeito provavelmente foram eliminados na seleção. Isso fica evidente ao perceber o modo como situações que poderiam ser chamariz para desviar a atenção do espectador são mostradas com discrição e leveza.
Se a cúpula da TV Globo fosse esperta, já teria cadastrado os moradores do edifício para usar na seleção do Big Brother.

Saturday, April 08, 2006

Brilho Eterno de um Sonho

Código 46 (Code 46; EUA/2003)
Dirigido por Michael Winterbottom

“Código 46”, exibido pelo Telecine Premium nesse Sábado, poderia ser aquele filme-pipoca de ficção científica sobre um futuro com clones e leis de restrição que contrariam qualquer luta pela liberdade vivenciada na nossa contemporaneidade. Mas não é.
O enredo, apesar de falar sobre uma paixão entre um investigador e sua principal suspeita, traz um elemento recorrente de produções recentes, mas que aqui aparece camuflado entre outros elementos: a memória. No filme, os dois protagonistas têm as memórias apagadas parcialmente em momentos distintos. Faz parte dos métodos utilizados pelo governo para controlar a população.
“Odisséia”, a clássica aventura de Ulisses pelos mares, demonstra que na Antigüidade, a memória era um item de grande valor. Era com ela que as pessoas contavam as histórias fascinantes que as permitiam por exemplo, se hospedar na maioria das novas terras que visitavam. Em tempos em que não havia modo de registro como gravações, as lembranças eram uma riqueza inigualável.
Em filmes como “Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças” (de Michel Doungry, 2004) e “Vanilla Sky” (de Cameron Crowe, 2001), as pessoas pagam para apagarem parcialmente suas memórias. Se vêem no direito de influir no cérebro a fim de apagar aquilo que deseja. E ao que conduz o roteiro de ambos demonstra o medo que existe das conseqüências que isso poderia causar. Confusões mentais suficientes para levar a transtornos sem fim.
O futuro em “Código 46”, determina, assim como em “A Fortaleza” (de Stuart Gordon, 1993), que os nascimentos serão controlados. Em um mundo onde muitos nascimentos são resultado de clonagem e fertilizações in vitro, o que remete ao livro “Admirável Mundo Novo” (de Aldous Huxley, 1933), a população foi proibida de se relacionar com qualquer um que tenho pelo menos 25% de genes compatíveis e a violação disso significa infringir o tal código 46.
Essa é a representação da idéia de futuro como um lugar frio, sem relações de afeto, com total controle do governo, que através das novas tecnologias, mantém a ordem e exclui quem não se encaixa no padrão determinado de perfeição. É o medo de que as coisas tomem tamanha dimensão que os grandes milionários se unam para dominar nossas mentes e ações.
O filme de Michael Winterbottom, com Tim Robbins como protagonista, acaba com a esperança de se livrar da “matrix”, de viver livre, feliz e pleno. Conduz tudo friamente, e a relação sexual calorosa é explicada por uma interferência da ciência no corpo da protagonista. A estética é de um sonho constante, presente também no texto, através da narração da personagem de Samantha Morton, que faz referências a um sonho constante que está inteiramente relacionado aos acontecimentos.
O filme não se explica bem, não se desconstrói. Conduz a uma narrativa embaçada, confusa, produzindo no cérebro efeitos semelhantes ao que uma intervenção no subconsciente poderia causar.