Thursday, September 28, 2006

Todo mundo tem um pouco


Coqueluche do Festival do Rio de 2006, “C.R.A.Z.Y.” foi marcado por sessões lotadas e um sucesso resultante da repercussão “boca a boca”. Tanto que, segundo o blog Cinema Mon Amour, a estréia em circuito foi antecipada para o dia 06 de Outubro.
No filme, uma história aparentemente banal: família canadense de classe média constituída por um casal feliz e cinco filhos de personalidades muito diferentes: um rebelde, um intelectual, um esportista, um sensível e um bebê.
Longe do fácil caminho de explorar conflitos familiares e a relação da família com a política e a sociedade, o filme mostra a evolução do protagonista Zack através dos anos, calcado em seu gosto musical, de Pink Floyd ao punk.
Na fase David Bowie, o personagem atravessa a fase mais confusa, quando a dúvida em relação a sentimentos e sexualidade – presente em qualquer adolescente – atinge seu ápice, no que é provavelmente o melhor momento do filme.
Tudo em “C.R.A.Z.Y.” é muito real e natural, incluindo a brincadeira que a história faz com a fé e a religiosidade da família. O diferencial está na maneira de contar do diretor Jean-Marc Vallée, que faz do enredo simples, um filme leve mas extremamente interessante.
No final, tem-se a impressão de que o filme foi inspirado em uma história real, mas a verdade é que ela reflete muitas histórias reais: se não aconteceu, poderia ter acontecido com você ou qualquer um.

Thursday, September 21, 2006

Fórmula velha, mas eficiente


Na contramão da nova tendência de filmes realistas que trocam a fantasia por um enredo próximo ao real, “Dália Negra” retorna aos anos 40, não apenas na história apresentada no filme, mas em toda a sua concepção. Desde a primeira cena, o espectador mergulha na década longínqua e tem a impressão de estar assistindo uma produção de 60 anos atrás, mas com modernos efeitos de câmera e uma qualidade indiscutível.
O diretor Brian De Palma reconstitui uma Hollywoodland excitante, onde tudo pode acontecer. Do narrador à trilha sonora, tudo contribui para a atmosfera antiga e deslumbrante do meio do século, onde aspirantes a atriz faziam de tudo para conseguir um papel no cinema, conquistar fama e fortuna e se tornar uma grande diva.
A produção começa com policiais boxeadores lutando como se fossem super-heróis. Sr. Gelo e Sr. Fogo, como são apelidados, rapidamente ganham importância e um caso: uma aspirante a atriz assassinada. Começa então uma corrida atrás de pistas. Enquanto o protagonista Bucky vai trilhando um caminho perigoso e envolvendo-se com a filha de um poderoso milionário, o parceiro dele, Lee, beira a loucura em uma obsessão por resolver o crime. No meio de tudo, a sensual Kay, teme pela vida do namorado Lee e aproxima-se de Bucky.
Scarlet Johansson acerta o ponto exagerado como pedem as grandes divas de 40. Josh Hartnett funciona bem como ator principal, em uma interpretação normal. E Hillary Swank faz com que o público esqueça que ela não foi provida com muita beleza e consegue passar uma imagem sexy na ótima interpretação e caracterização.
De Palma acerta na condução, mas a ansiedade toma conta do final, quando uma série de revelações excita mas confunde. O roteiro cheio de surpresas é bem amarrado, mas a idéia de deixar restrito à última hora do filme acaba não sendo tão eficiente.
A atmosfera bem ao estilo de filmes de gângster faz com que “Dália Negra” seja um exemplo do bom e velho “cinemão”. Mesmo trazendo pouca inovação, o filme explica porque ainda gostamos dos clássicos.

Friday, September 08, 2006

Atriz de Aço

Quando surgiu em 1993, o seriado “Lois & Clark: The New Adventures Of Superman” conquistou não só fãs dos quadrinhos do super-herói, mas um público enorme nos Estados Unidos. Logo, a Globo trouxe os episódios em versão dublada, batizado de “As Novas Aventuras do Superman” e mais tarde sem o “novas”, ficando apenas “As Aventuras do Superman”.
O sucesso no Brasil também foi imediato e levou a emissora a colocar a série em horário nobre na Quinta-feira e depois no Domingo ( com constantes mudanças, é verdade, mas durante certa época foi ao ar depois do “Fantástico” ). Além disso, foram exibidos todos os episódios, até o último, o que é bem raro de acontecer com enlatados americanos na TV aberta do Brasil.
Mas o que mais chamava a atenção no programa não era o bom roteiro, nem o humor, nem as aventuras bem boladas. Era um fator que já podia ser antecipado pelo título original da série: Lois Lane. Mais do que o par romântico do protagonista Clark Kent / Superman, a Lois aqui era também protagonista e peça-chave no desenvolvimento de todos os episódios e temporadas.
E o sucesso dela deve-se muito ao talento de sua intérprete, Teri Hatcher. A atriz enfeitiçou os homens que acompanhavam a série e serviu de modelo para as mulheres, construindo uma personagem forte e diferente das outras versões que a repórter teve em filmes e gibis.
O sucesso de Teri elevou o salário da atriz e na revista “Herói”, destinada a desenhos animados e seriados infanto-juvenis, foi criada a seção “Cantinho da Lois”, com curiosidades e fotos dela em todas as edições, mostrando que a paixão por Teri e Lois era quase unânime.
Na última temporada, o salário de Teri já havia ultrapassado o de Dean Cain, intérprete do Superman, e hoje é tido como um dos motivos que levou a Warner a cancelar o show.
Depois de fazer uma ponta em um filme de outro herói, 007, Teri sumiu do mapa e parecia fadada a ser lembrada apenas por “Lois & Clark”. Mas em 2005, ela engatou em “Desperate Housewives”, sucesso de público e crítica que garantiu o Emmy (uma espécie de Oscar da TV americana) de Melhor Atriz, levando a bela às lágrimas, principalmente pelo fato de nunca ter sido indicada a nada anteriormente, como ressaltou no discurso.
A maturidade que Teri conquistou desde o fim da série do homem de aço, em 1997, até o papel de destaque na nova série, oito anos depois, é evidente. E garante aos fãs saudosos da intrépida jornalista do “Planeta Diário”, um conforto em ver que mesmo se transformando em Susan, Teri continua nos rendendo bons momentos em frente à TV.