Crash - No Limite (Crash; EUA/2005)
Desde a primeira cena, "Crash" revela sobre o que trata o enredo:

O filme trata o tema de uma forma aparentemente superficial. Não explora a origem do preconceito, nem o porquê de sua manifestação. Ele faz uma abordagem um pouco crua, o que o torna ainda mais interessante. "Crash" mostra como pessoas estereotipadas caem na mesma armadilha e como isso vai se propagando.
Brincando com os acidentes de trânsito, que dão nome ao filme e servem apenas para conectar os personagens, o filme derruba o espectador cena a cena, transformando heróis em miseráveis e miseráveis em heróis, mostrando que no fim, são apenas pessoas. Viver em sociedade em um mundo como o de hoje, é estar sujeito a fazer parte de um grupo social, racial e étnico pré-determinado, e os erros e injustiças que cometem conosco acabam sendo repetidas por nós mesmos com outros. É um tapa na cara de todos que se sentem hostilizados por pertencer a uma minoria. E quando começamos a julgar um personagem, o filme nos dá outro tapa, mostrando que o ser humano tem muitas facetas.
E a surpresa a parte fica por conta da escalação do elenco, que assim como a intenção do filme de despir os estereótipos dos personagens, parece querer despir os estereótipos dos atores. Sandra Bullock vive uma dondoca fútil e preconceituosa, Brendan Fraser é um político mau-caráter e sério, Matt Dillon é um sofredor conflituoso... não fosse pelo final um pouco óbvio e um tanto piegas, seria um exemplo a ser dado ao lado de "Closer": uma realidade crua, mostrando as máscaras que criamos para nós mesmos.